A Organização Social Mahatma Ghandi deixou nesta segunda-feira (30) a administração do Hospital Munir Rafful, mais conhecido como Hospital do Retiro, em Volta Redonda. A informação foi dada pelo médico Caio Souza, diretor-administrativo indicado pela OS para o hospital. Em entrevista na manhã desta terça-feira (1) ao Programa Dário de Paula, da Rádio Sul Fluminense, Souza deu a entender que um vácuo se estabeleceu na administração da unidade, já que médicos e demais profissionais não têm nenhum vínculo profissional nem com a prefeitura ou qualquer outra organização. “A partir de hoje não existe contrato com a prefeitura ou com o hospital”, disse.
Segundo ele, a OS pagou aos funcionários de apoio as verbas rescisórias, incluindo 60% do 13º salário. Os cerca de 100 médicos, no entanto, terão que aguardar a prefeitura liberar cerca de R$ 3,6 milhões referentes a novembro, para que os débitos sejam quitados.
Também na segunda-feira, a secretária de Saúde, Flávia Lipke, e a subsecretária Milene de Paula, se reuniram com os profissionais médicos. A eles disseram que a prefeitura estuda pagar diretamente os salários e que a forma de contratação se dará por meio de processo seletivo por currículo. Todavia, até o momento, não há informações se algum médico apresentou currículo para ser contratado.
Caio Souza, no entanto, desconhece a forma como a prefeitura poderia fazer para quitar os salários da categoria. A folha salarial dos médicos gira em torno de R$ 1 milhão. “A OS priorizou a rescisão do pessoal de apoio com o repasse de outubro e depende do repasse de novembro para acertar com os médicos”, explicou, detalhando que, por se tratar de uma entidade sem fins lucrativos, recebe antes de prestar os serviços.
Na avaliação de Souza, a prefeitura rompeu o contrato com a Mahatma Gandhi de “forma intempestiva, sem qualquer comunicado prévio, o que gerou o caos”. Ele afirmou ainda que não houve a transição anunciada pela prefeitura, embora a administração do hospital tenha reservado uma sala especialmente para esta finalidade. “Foi transição de praticamente um dia. Não fomos sequer notificados de quem estaria na equipe de transição”, criticou.
Caio Souza assumiu a direção-administrativa em setembro de 2019 e, segundo ele, durante o período em que o hospital foi gerido pela OS, a partir de dezembro de 2018, não houve reclamações quanto ao atendimento nem atrasos no pagamento de salários, mesmo durante o período mais crítico da pandemia de Covid-19. Ele revelou ainda que o Hospital do Retiro chegou a emprestar EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) para o Hospital São João Batista e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento).
“Habilitamos nove leitos de UTI e agora, com uma possível segunda onda de Covid-19, o hospital não está preparado”, alertou.
Ele se queixou, na mesma entrevista, que a prefeitura não repassou para o hospital nenhum valor de uma verba de R$ 1,2 milhão, recebida do Ministério da Saúde, especificamente para o hospital enfrentar a pandemia do novo coronavírus. “Não recebemos um respirador, uma máscara, nada”, ressaltou, depois de afirmar que os leitos de UTI instalados para Covid-19 tinham um custo diário de R$ 200 mil.
A OS deixa, conforme ele afirmou, cerca de R$ 500 mil em insumos e medicamentos no Retiro.
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