




O maestro Nicolau Martins de Oliveira, idealizador do projeto Volta Redonda Cidade da Música, morreu na madrugada deste sábado (27), aos 83 anos. A morte foi confirmada pelo prefeito de Volta Redonda, Antonio Francisco Neto, em uma rede social. A causa da morte ainda não foi divulgada. O velório e sepultamento, marcado para às 16h, será no Portal da Saudade.
O projeto Volta Redonda Cidade da Música começou a germinar em 1974, quando Nicolau foi convidado a ingressar nos quadros da Fevre (Fundação Educacional de Volta Redonda) para retomar as atividades da banda da instituição. Em 2008, ganhou a atual denominação e, atualmente, engloba mais de 30 escolas municipais do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental.
História – Nicolau nasceu em março de 1942 em Capivari, então distrito de Tubarão, Santa Catarina. Cantava no coro e tocava trompete na banda da igreja da Assembleia de Deus. “Na primeira escola em que estudei, no antigo primário, fiz uma banda de tambores com dois colegas. Quando terminei o quarto ano, fiz uma banda com 18 tambores”, relembrou em entrevista.
Ele veio para Volta Redonda em 1958, como um dos cinco selecionados, entre 50 candidatos na sua cidade, para estudar na Escola Técnica Pandiá Calógeras (ETPC). Ingressou na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), onde conheceu o professor e maestro Franklin de Carvalho Jr., que também era funcionário da empresa. Com ele, fez os cursos de Teoria e Solfejo, Prática de Banda, Orquestra, Coro e Prática de Ensino, e pouco tempo depois substituiu Franklin como professor na ETPC.

Na instituição, Nicolau criou a Fanfarra da ETPC, que já tinha os instrumentos comprados pelo maestro Franklin, e em 1965, venceram o primeiro campeonato de fanfarras. Em paralelo, ele cursou a Escola Nacional de Música da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), com graduação em fagote. Também foi aluno particular de fagote do professor italiano Bruno Gianessi, e por cinco anos de um dos mais famosos maestros do Brasil, Isaac Karabtchewsky. Buscou conhecimento também em diversos cursos na época, além de ter ampliado seus conhecimentos nos Estados Unidos na década seguinte, por meio de cursos e seminários em várias universidades. De volta ao Brasil, fez estágio como regente da Banda Sinfônica do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro.
Até que foi chamado para a Fevre. Ali, teve início uma trajetória também de grande sucesso, que acabou gerando o Volta Redonda Cidade da Música, batizado com este nome em 2008.
“A música é constituída de melodia, de harmonia e de ritmo. E eu li em um artigo algo que achei lindo: que a melodia é referente à coisa espiritual, de Deus; a harmonia é da alma; e o ritmo é do corpo. E a gente trabalha esses três elementos para desenvolver a sua capacidade de memória, e até mesmo de andar. Tem crianças aqui que não conseguiam conjugar o pé com a mão, e hoje conseguem. Nós trabalhamos até ela chegar ao máximo que pode desenvolver. Temos vários casos de crianças que tinham dificuldade motora, de entendimento”, afirmou em certa ocasião.
Nicolau deixa um dos maiores legados da história da educação e cultura de Volta Redonda. “Com a formação cristã que tive, aprendi a repartir o que tenho de melhor com o que as pessoas querem ou precisam. Já me perguntaram se não me incomodo dos meus alunos estudarem nos Estados Unidos, e eu digo que fico feliz. Existe uma expressão na Bíblia que diz ‘Que eles cresçam, e eu diminua’; eu fico feliz com o sucesso deles, pois foi pela música que Deus me deu os meus filhos, então me dá orgulho ver que eles alcançaram o que não consegui. Pelo menos, eu fui o primeiro degrau da escada de todos eles”. (Fotos: Divulgação)
