O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Vassouras, instaurou inquérito civil para apurar o estado de abandono e a má gestão de imóveis de alto valor histórico e cultural deixados por Eufrásia Teixeira Leite à cidade de Vassouras. Os bens – incluindo o Hospital Eufrásia, o antigo Colégio Regina Coeli e o prédio do Senai – foram doados para atender às áreas de educação e saúde do município, mas atualmente se encontram desativados e em avançado estágio de deterioração.
O inquérito visa assegurar o cumprimento da função social dos imóveis, conforme disposto no testamento da benemérita, uma das primeiras mulheres a operar na Bolsa de Valores de Paris e figura central na história do Brasil e do ciclo do café no século XIX. Reconhecida internacionalmente, Eufrásia transformou a fortuna herdada dos pais em ações filantrópicas voltadas à assistência social, à educação e à saúde pública. A promotoria reuniu documentos históricos, o testamento original e imagens atuais dos imóveis abandonados, com foco na responsabilização por omissão e desvio da destinação original dos bens. A investigação envolve a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Vassouras, atual gestora do patrimônio, e autoridades locais, incluindo a prefeitura municipal e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Além do resgate histórico e cultural, o MPRJ também visa conter riscos sanitários verificados nas propriedades, como água parada e proliferação de insetos. Foram oficiados órgãos municipais e estaduais para adoção de medidas urgentes de preservação, fiscalização e possível tombamento dos bens.
Eufrásia Teixeira Leite nasceu em Vassouras em 15 de abril de 1850. Ela morreu em 13 de setembro de 1930. Seu sepultamento ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, mas depois seus restos mortais foram transferidos para a cidade natal. (Fotos: Reprodução)