Maior gargalo na ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro pela Via Dutra, a Serra das Araras é o pavor de quem está a caminho de cidades na Baixada Fluminense e a capital. Qualquer acidente pode significar atrasos em compromissos ou mesmo a desistência de prosseguir a viagem em caso de interdição total – principalmente provocada por tombamento de veículos de cargas.
No ano passado, foram 42 ocorrências deste tipo causadas, em geral, pelo desrespeito aos limites de velocidade estabelecidos no trecho de oito quilômetros, que vai do km 233, em Piraí, aos 225, em Paracambi. As estatísticas da CCR RioSP apontam que, em média, os tombamentos resultaram em duas horas de fechamento total da estrada.
Os dados levaram a concessionária a adotar, há 30 dias, uma medida que pode ser considerada extrema para mitigar o problema: diariamente, à exceção dos domingos, está sendo executada a “operação comboio”. De 4h às 13h, uma viatura operacional da concessionária desce a serra à frente do tráfego, no máximo a 40 km/h, forçando os motoristas a respeitarem os limites de velocidade. Nos dias com detonações de rochas programadas, a operação vai até às 11h. Os horários foram definidos com base nas estatísticas.
Desde que a operação foi colocada em prática, apenas um tombamento foi registrado, justamente nesta quinta-feira (13), de um caminhão que interditou a faixa da esquerda no início da descida (km 230). Isso porque, segundo a empresa, as equipes estavam em atendimento a dois graves acidentes, um deles fatal, e os comboios não puderam ser realizados.
“Nossos registros indicaram um aumento na frequência de tombamentos. E identificamos que a provável causa é a imprudência, por excesso de velocidade. O objetivo do comboio é que o motorista respeite a velocidade”, disse ao jornal Foco Regional o coordenador de Operações da CCR RioSP no Rio de Janeiro, Leandro Guimarães, lembrando que, ao mesmo tempo, outras medidas foram tomadas, como o reforço na sinalização horizontal e vertical, instalação de linhas de estímulo à redução de velocidade e mais placas de advertência sobre o risco de acidentes.
Maior impacto – O coordenador confirmou que os tombamentos causam maior impacto no tráfego: “São mais complexos porque se tratam de veículos pesados e costuma haver derramamento de carga na pista”.
Para Guimarães, os acidentes são consequência de caminhões que desenvolvem velocidades maiores, conduzidos por motoristas despreparados. “A tecnologia [dos veículos] avançou e os motoristas não estão preparados”, afirmou, ressalvando que é uma combinação que ocorre no país todo, agravada na descida da serra por se tratar de uma pista antiga, praticamente sem áreas de acostamento.
Os caminhões e carretas representam pouco mais de 30% do volume diário de trânsito na Dutra, que é de 14 mil veículos por dia. Guimarães antecipou que, também com o intuito de reduzir os acidentes na Serra das Araras, o próximo passo da concessionária será a instalação de um sistema de controle de velocidade, que indica para o motorista a quantos km/h ele está trafegando. E acredita que a iniciativa deverá ajudar na redução dos acidentes na Serra das Araras.
“Mas é necessária a contribuição do motorista. Ele precisa ter consciência de que é a parte mais importante para evitar acidentes”, lembra o coordenador. (Foto e vídeo: Divulgação)