A Câmara de Volta Redonda aprovou, na sessão da noite desta quinta-feira (12), a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os fatos que resultaram na prisão do vereador Paulinho do Raio-X, no último sábado (7). O parlamentar foi solto na segunda-feira (9) por decisão de um desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, mas está afastado do legislativo por ordem do mesmo magistrado.
A comissão foi proposta pelo vereador Rodrigo Furtado já na segunda-feira passada. Antes da votação, o autor salientou que a CPI não tem competência criminal, e sim administrativa, para comprovar se houve quebra de decoro. Ele deve ser o presidente da comissão. A indicação dos demais membros, que poderão ser voluntários, deve ser definida na próxima semana. Caso isso não ocorra, os outros integrantes serão definidos por sorteio.
De acordo com Furtado, a comissão deverá ouvir todos os personagens do caso, tratado pelo Ministério Público estadual e a Polícia Civil como extorsão ao prefeito Samuca Silva relacionada a requerimentos de impeachment do prefeito na Câmara.
Segundo ele, a CPI vai convidar todos a prestar esclarecimentos, inclusive o prefeito.
Quem não atender será convocado e, se for necessário, pode até haver condução coercitiva. Ainda segundo Furtado, Paulinho do Raio-X não poderá ser ouvido na câmara, devido à determinação judicial.
Vereadores que tiveram nomes envolvidos se manifestam
A sessão foi marcada por duros pronunciamentos dos vereadores Nilton Alves de Faria, o Neném (PSB), presidente do Legislativo, e Carlinhos Santana (Solidariedade). Da tribuna, eles atacaram o prefeito Samuca Silva, depois da revelação de que seus nomes foram citados no depoimento dado por ele à Polícia Civil, no dia da prisão de Paulinho. Samuca afirmou que, segundo Paulinho, o pedido de propina incluiria também Neném e Carlinhos.
Neném leu trechos do depoimento para demonstrar que Samuca fez deduções com base no que teria ouvido de Paulinho e enfatizou, sobretudo, o trecho em que o prefeito disse à polícia que não teve contato com ele e Carlinhos. Neném atacou o prefeito a todo momento, e disse que ele tem costume de gravar conversas.
Neném ainda expôs na tribuna diversos medicamentos contra depressão que, segundo ele, voltou a tomar por conta do episódio. Acrescentou que o dia hoje foi “o mais difícil” para ele, por causa do abalo sofrido por família, principalmente por ter que explicar ao pai, de 86 anos, “o que pode vir a acontecer”. No final, Neném chorou ao agradecer às pessoas que lhe manifestaram apoio.
Também da tribuna, Carlinhos Santana chamou o prefeito de “verme” e prometeu ir às últimas instâncias para defender sua honra. “A responsabilidade do Paulinho é dele. Nunca me vendi. Ele quer desmoralizar esta Casa”, disse o parlamentar, que também reclamou da imprensa pela forma como seu nome e o de Neném foram divulgados, sem que eles tenham sido citados pelo Ministério Público ou pela Polícia Civil.
Fotos: Informa Cidade