Volta Redonda é a única cidade do estado do Rio a manter o comércio fechado nesta semana. A informação é da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio de Janeiro (FCDL-RJ). A entidade reforçou o pedido de reabertura imediata do comércio, com base na redução da ocupação dos leitos de UTI, divulgada na quinta-feira (9) pelo governo municipal, após o retorno dos pacientes para o Hospital Regional.
A maioria do comércio, exceto os serviços essenciais, está fechada desde o dia 29 de junho. Primeiro, devido à suspensão do Hospital Regional de receber novos pacientes devido ao atraso, pelo estado, do pagamento de serviços à Organização Social que administra a unidade. Já esta semana, o fechamento se deveu ao fato de a ocupação de leitos de UTI ter superado 50% da capacidade. O percentual foi fixado no acordo firmado entre a prefeitura e o Ministério Público.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (10) a federação manifestou apoio à reabertura do comércio em Volta Redonda, “conforme estabelecem os protocolos de saúde pública” e em respeito ao consumidor, aos trabalhadores e aos empreendedores.
“Não é admissível que a cidade de Volta Redonda, um dos mais importantes centros comerciais do estado do Rio de Janeiro, se veja hoje na condição de um dos únicos municípios fluminenses a ser impedido de retomar suas atividades, principalmente, por reunir as condições sanitárias e médico hospitalares. Registre-se que o comércio de Volta Redonda, com apoio da CDL da cidade, está preparado para o retorno do funcionamento seguindo as normas sanitárias vigentes, com campanha permanente de orientação sobre cuidados como uso de máscaras, álcool gel, entre outras medidas necessárias”, diz nota assinada pelo presidente da FCDL-RJ, Marcelo Mérida.
O comércio de Volta Redonda tem cerca de 10 mil estabelecimentos comerciais e se constitui no principal gerador de empregos da cidade. Antes da pandemia, o setor gerava em torno de 40 mil postos de trabalho. Segundo entidades empresariais, com o fechamento, esse número sofreu uma queda em torno de 20%, citando dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregado).
A estimativa da Câmara de Dirigentes Lojistas de Volta Redonda (CDL-VR) é de que pelo menos 200 empresas tenham fechado as portas definitivamente. “O comércio de Volta Redonda tem sido o único punido durante essa pandemia com esse acordo, mesmo cumprindo as medidas preventivas desde o início da flexibilização”, afirmou.
Para Gilson de Castro, presidente da CDL-VR, a economia caminha para a falência com os fechamentos. “Pelo menos 80% são micro e pequenas empresas que já não têm condições de pagar aluguel, impostos, salários e outras despesas por estarem sem vender por tanto tempo como tem sido. Sem economia não há como gerar empregos e, sem empregos, não há como proteger vidas, se cria o caos’, afirmou.
Para a CDL-VR, a abertura do comércio precisa ter horário livre, para que se evite aglomerações. “Como temos falado desde o início, limitar horário é colocar as pessoas num mesmo período nas ruas. Quanto mais tempo as lojas funcionarem, mais espaçado, as pessoas irão ao comércio”, avaliou”.
Gilson lembrou que somando todos os dias em que o comércio ficou fechado, são quase 70 dias, e muitas empresas não têm estrutura para trabalhar apenas com delivery. Além disso, esse tipo de serviço, segundo ele, não representa nem 30% do faturamento da maioria das lojas que apostaram nesse atendimento para não ficar sem vender.
“Não há como sobreviver tanto tempo de portas fechadas. Precisamos mudar esses eixos, principalmente, o de casos suspeitos, porque a maioria não se confirma como Covid-19 e estamos no inverno, quando aumenta o número de doenças respiratórias. O município também não pode ficar à mercê do estado, tendo um hospital como o antigo Santa Margarida, com 40 leitos de alta complexidade, que estava sendo preparado para receber pacientes com o novo coronavírus, como foi anunciado pelo Poder Público, em abril deste ano. O município precisa investir em prevenção e em capacidade de atendimento da rede municipal de saúde”, afirmou.