



Um relatório reservado, elaborado pelo setor de inteligência da Polícia Militar, aponta que o Comando Vermelho – segundo o governo do estado alvo da megaoperação do final de outubro, no Rio, que deixou 121 mortos, entre os quais quatro policiais – está presente em 70 das 92 cidades fluminenses. De acordo com os dados apurados, em 36 cidades, a facção criminosa atua sozinha, sem a “concorrência” de outra organização criminosa. E só 15 cidades não têm o domínio consolidado de um grupo criminoso, conforme o levantamento divulgado no domingo (9) pelo jornal Extra.
Especialmente em relação ao Sul Fluminense e Costa Verde, o relatório aponta que o CV atua sozinho nas menores cidades, estando Rio Claro, Piraí, Barra do Piraí, Engenheiro Paulo de Frontin e Vassouras. Nas cidades principais, o “mercado” está dividido, casos de Volta Redonda, Barra Mansa, Resende, Valença, Paraíba do Sul, Três Rios, mas também cidades do porte de Quatis e Itatiaia já contam com atuação de mais de uma organização criminosa. Na Costa Verde, a situação é a mesma em Angra dos Reis e Paraty.
Em Pinheiral e Mendes não há facções que dominam o tráfico, diz o relatório, que é atualizado constantemente, de acordo com a PM.
Mudança de perfil – À publicação, o secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, disse que as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) contribuíram para a expansão da atuação de facções do tráfico, antes concentrado na capital fluminense. Além disso, o foco principal das facções, no entendimento dele, não é mais o tráfico de entorpecentes: “O que aconteceu após as UPPs foi o espalhamento dos traficantes por todo o estado. Paralelamente, o CV entendeu que a droga não é mais o negócio mais rentável. Hoje, o tráfico representa de 10% a 15% do faturamento da facção. Eles passaram a explorar economicamente os territórios, replicando atividades típicas das milícias. A prioridade passou a ser gerar receita com gás, luz, água, internet, transporte alternativo e extorsão, impondo o terror à população local”.
De acordo com a reportagem, advogados de uma empresa prestadora de serviços de internet de São Gonçalo enviaram ofício ao comando-geral da Polícia Militar informando que, em apenas uma cidade, viu sua clientela despencar de 90% para 30% em razão da atividade criminosa imposta pelo Comando Vermelho. “Eu não perdi assinantes para a concorrência, perdi todos para o maior provedor do Rio, que é o CVNet. Além disso, lido com a falta de profissionais, porque toda vez que ocorre um episódio de violência, perco técnicos”, afirmou o dono da empresa. (Foto: Divulgação)