Os vereadores de Volta Redonda Nilton Alves de Faria, o Neném (PSB) e Carlinhos Santana (Solidariedade) foram às redes sociais, na noite da quarta-feira (11), rebater a informação de que seriam os dois parlamentares supostamente envolvidos na tentativa de extorsão sofrida pelo prefeito Samuca Silva, que resultou na prisão em flagrante (ele obteve habeas corpus do Tribunal de Justiça) de outro vereador, Paulinho do Raio-X (MDB). A revelação sobre quais seriam os outros vereadores possivelmente envolvidos foi feita pelo jornal aQui, na tarde da quarta-feira, em sua página em uma rede social. Segundo a publicação, os nomes lhe foram passadas “por uma fonte”, num “envelope”.
Tanto Neném quanto Carlinhos se defenderam e apontaram suas baterias para o prefeito Samuca Silva, que, ao denunciar o caso ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) foi orientado a proceder da forma que resultou na prisão em flagrante de Paulinho.
Neném anunciou que, nesta quinta (12), entrará com uma queixa-crime por calúnia e difamação contra Samuca, além de entrar com uma interpelação judicial para que Paulinho se manifeste acerca das informações contidas no depoimento do prefeito prestado à Polícia Civil sobre o caso. Disse ainda que vai solicitar à Justiça a quebra de seu próprio sigilo telefônico, de Paulinho e de Samuca.
Depois de lembrar que votou a favor da criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara para apurar a suposta extorsão, Neném anunciou que vai propor aos vereadores a “convocação imediata do prefeito Samuca Silva” para prestar esclarecimentos sobre o caso.
Na longa nota que divulgou, o presidente da Câmara de Volta Redonda disse que nunca teve “qualquer tipo de envolvimento em esquemas de extorsão ou armações políticas”.
– Cabe à Justiça determinar onde começou a extorsão e onde isso virou uma grande armação para salvar um governo arruinado diante da opinião pública – afirma. “Em segundo lugar, quero lamentar que nossa cidade esteja sendo obrigada nos últimos três anos a conviver com pessoas de nível tão baixo quanto o praticado pelo atual prefeito Samuca Silva e o vereador Paulinho do Raio-X. Em quatro mandatos, jamais pedi propina, jamais me pediram propina e jamais me ofereci para receber propina. Isso é coisa de bandido. Se alguém como o vereador Paulinho do Raio-X pediu propina ao prefeito Samuca Silva, é porque tinha esperança de receber. Isso, por si só, é lamentável”, acrescenta Neném.
O vereador afirma ainda que teve acesso ao depoimento de Samuca à Coordenação de Investigação de Agentes com Foro Especial sobre o caso, tendo seu nome citado algumas vezes. Neném disse não ter tido qualquer contato telefônico com o prefeito e que, em seu depoimento, Samuca Silva afirmou que nunca teve contato direto com ele para tratar “desse assunto específico, mas que o vereador Paulinho do Raio X seria o meu interlocutor”.
– Trata-se, porém, de mais uma mentira amplificada pelo prefeito, não havendo nenhuma prova de que eu tenha ligação com o vereador Paulinho do Raio-X e muito menos tenha autorizado ele a falar em meu nome sobre qualquer assunto, de qualquer natureza – prossegue o presidente da Câmara.
Neném diz que a tentativa de vincular seu nome ao episódio é “uma ilação e leviandade do prefeito Samuca Silva”.
Diz ainda que “verifica-se (sic) diversos pontos de inconsistência no depoimento do prefeito Samuca Silva, onde ele mesmo afirma que nunca teve contato direto comigo e que não pode afirmar que eu participei deste suposto esquema, mas, mesmo assim, tenta a todo momento me envolver nos crimes praticados pelo vereador Paulinho do Raio-X”.
O presidente da Câmara ainda ressalta, em sua nota, as inconsistências observadas pelo desembargador João Batista Damasceno, ao conceder habeas-corpus ao vereador Paulinho do Raio-X, destacando o trecho da decisão em que o magistrado aponta: “Em vários momentos do depoimento do prefeito Elderson Ferreira da Silva o mesmo faz interpretação de comportamentos do paciente, ao invés de afirmar a ocorrência concreta”.
Carlinhos grava vídeo ao lado da família
Já o vereador Carlinhos Santana, autor do requerimento de para instaurar processo de impeachment de Samuca, que foi rejeitado pela Câmara na semana passada, gravou um vídeo para se defender. Ao lado da mulher e das filhas, o parlamentar também saiu atirando contra o chefe do Executivo.
– Quem me conhece sabe que eu nunca me envolvi em falcatruas nenhuma – afirma o vereador. “O governo está maluco, doente, porque na realidade eu tentei cassar ele e ele falou que ia me destruir politicamente. Só que ele está tentando destruir a minha moral. Minha moral ninguém destrói”, acrescenta.
Santana diz ainda que irá “às últimas consequências” para provar que “eles estão fazendo manobras” e ressalta que não foi chamado nem pela polícia nem pelo Ministério Público: “Se alguém usou meu nome, indevidamente, vai
pagar na Justiça”.
– Sou íntegro, limpo. Deixo quebrar meu sigilo telefônico se a Justiça quiser para verificar se em algum momento conversei com este cachorro deste prefeito ou qualquer um deste governo para negociar bandidagem de dinheiro. Nunca fiz isso e nunca farei – prossegue ele no vídeo.