Apenas dois anos depois de sua inauguração, o Colégio Militar de Volta Redonda, instalado no Ciep do bairro Açude I, caminha para o fechamento. O motivo é a negativa do governo do estado, através da Secretaria estadual de Educação, de fornecer – conforme o previsto em convênio – professores para os alunos do primeiro ano, que participaram do processo seletivo 2021.
Sem as novas turmas, a tendência é o fechamento, a exemplo do que ocorreu em Miguel Pereira, onde o Colégio Militar foi inaugurado na mesma ocasião. Lá, os professores já foram realocados na rede estadual e os alunos tiveram que procurar escolas do estado para se matricular.
Por conta do risco iminente em Volta Redonda, professores, pais e alunos estão se mobilizando para que o governador em exercício, Claudio Castro, não permita a extinção do colégio, inaugurado por Wilson Witzel, governador afastado do cargo. Um abaixo-assinado está sendo coletado pela associação de moradores do bairro para ser encaminhado ao governador em exercício. “E vamos também à Justiça para que o colégio não seja fechado”, adiantou o presidente da associação, Alan Cunha. É a segunda vez que a comunidade será mobilizada para que o prédio do antigo Ciep não se transforme num elefante branco no bairro.
Já os professores decidiram não iniciar o anovo letivo nesta segunda-feira (22), em protesto contra a situação. As aulas retornariam, em princípio, pelo sistema remoto, antes de ser gradativamente estabelecido o retorno presencial.
CONVÊNIO – O Colégio Militar oferece Ensino Médio e foi criado a partir de um convênio firmado entre o estado, através da Secretaria de Educação, a quem cabe ceder os professores de sua rede; a prefeitura – que fornece a merenda dos alunos; e o Corpo de Bombeiros, responsável pela direção da escola e manutenção do prédio. Embora os professores sejam civis, o colégio segue regimento e currículo militar.
O processo seletivo 2021, para selecionar 60 alunos para ingresso na escola, teve a participação de nada menos que 800 estudantes. Os aprovados fizeram a matrícula, mas, ao contrário do que se esperava, o estado não publicou o decreto anual de cessão de professores.
Para que os alunos do primeiro ano possam ingressar, são necessários apenas mais seis professores da rede estadual – colégio já conta com 11. A secretaria de Educação alega que não tem profissionais para atender os colégios militares, o que é contestado.
Na última quinta-feira (17), houve uma reunião da direção do colégio e os professores com o coordenador geral da Diretoria de Ensino do Corpo de Bombeiros, Filipe Pimentel. Ele relatou que a proposta da Secretaria estadual de Educação é de que a instituição providencie os novos professores, o que é impossível, pois foge da atividade-fim dos militares. Ele relatou também que a Subsecretaria de Educação do estado teria proposto uma contrapartida – realização de exames médicos nos servidores da pasta – que os bombeiros não têm como assumir, já que o efetivo da corporação está abaixo do necessário.
Entre os professores, o clima é de decepção e indignação. “O colégio é incrível”, define Rozane Moreira Alves, que leciona Português e Redação. Ela ressalta que, mesmo com a pandemia, no ano passado as aulas remotas foram realizadas no horário normal – que, no Colégio Militar, vai de 7 às 15 horas. “A grade curricular é diferente [das escolas estaduais], a carga horária é muito maior”, acrescentou a professora.
Fotos: Reprodução e Arquivo Foco Regional