O incêndio de grandes proporções que devastou áreas de pastagem da Fazenda Santa Cecília, no bairro Siderópolis, em Volta Redonda, no fim de semana, pode ter sido criminoso e está sendo apurado pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
De acordo com o analista ambiental do órgão, Sandro Leonardo Alves, moradores do bairro onde o fogo teve origem, perto do Rio Brandão, deram informações sobre o possível incendiário.
O ICMBio tenta identificar o autor e comprovar a denúncia. Se isso ocorrer, ele será multado por crime ambiental. O valor varia conforme os itens dos danos que foram constatados, conforme previsto na legislação ambiental.
O fogo se alastrou entre o final da noite do sábado (12) e a madrugada de domingo (13), atingindo a Reciclar-VR, cooperativa de catadores de resíduos sólidos, que fica no Sessenta, bairro vizinho. Oito baias de um dos galpões usados para a triagem de materiais recicláveis foram destruídos.
“O fogo não atingiu a Floresta da Cicuta, mas as áreas de pasto no entorno”, disse o analista. Segundo ele, embora a própria floresta tenha formas de proteção contra o fogo, os danos causados à vegetação da borda por queimadas são severos. “Impacta a vegetação. É um problema que enfrentamos todos os anos, mas 2020 está sendo um dos piores, a exemplo do que ocorreu em 2017. Os anos de 2018 e 2018 foram relativamente tranquilos”, disse Leo, como o analista é mais conhecido.
Queimadas quase sempre são resultado de ação humana
Depois de ressaltar que o entorno da Cicuta – classifica como Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) – é só pasto, principalmente ao redor da Fazenda Santa Cecília, da CSN, o analista disse que, no Brasil, “quase 100% das queimadas” são causadas pela ação humana, intencionalmente ou não.
“Há uma certa confusão sobre isso no Brasil., Incêndios naturais raramente acontecem e quase sempre são provocados pela queda de raios, em períodos de chuva”, ressaltou.
Os danos provocados pelas queimadas não se restringem ao meio ambiente, ressaltou o analista: “O que estamos vendo na Pantanal é o mesmo que acontece aqui, claro que em menores proporções. Animais como pacas – que por aqui correm risco de extinção – cotias, quatis e gatos do mato podem não conseguir escapar do fogo, porque não conseguem subir em árvores para se proteger. Outros animais usam a pastagem para sobreviver. Perdem abrigo e alimentos”.
Além dos danos severos ao solo, que a cada incêndio perdem fertilidade, Leo aponta ainda a piora da qualidade do ar, aumentando o número de doenças pulmonares, sobretudo em Volta Redonda, onde o ar já é afetado por indústrias. “E ainda temos os danos econômicos, como o que ocorreu com a cooperativa”, acrescentou. O analista revelou que até a tubulação da mina de água do Siderópolis – uma das mais utilizadas por moradores daquele setor de Volta Redonda – foi queimada. “Tudo por irresponsabilidade de uma única pessoa”, lamentou o analista ambiental.
De acordo com Leo, as pessoas devem denunciar incêndios criminosos.
De acordo com ele, as informações devem ser dadas à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, ao Inea (Instituto Estadual do Ambiente) ou ao ICMBio, cujo telefone é (24) 3342-1443 e o e-mail [email protected]. (Foto: Divulgação)