Uma manifestação contra a morte da dentista Mayara Pereira de Oliveira Fernandes, de 31 anos, foi realizada na tarde de sábado (28), no Centro de Valença. Cerca de 300 pessoas, a maioria mulheres, segundo os organizadores, se reuniram na Rua dos Mineiros, no Centro da cidade, para pedir justiça pela vítima de feminicídio.
Mayara foi assassinada com dois tiros no rosto pelo ex-namorado, o cabo da polícia militar Janitom Celso Rocha Amorim, de 39 anos, na tarde da sexta-feira (26), depois de ser mantida refém por quase três horas, dentro do carro dele, no pátio da UNIFAA, o Centro Universitário de Valença, mantido pela Fundação Dom André Arcoverde. Ela fazia um curso de pós-graduação na cidade.
Os manifestantes, portando faixas e cartazes, começaram a se concentrar no local por volta das 16 horas. “Justiça por Mayara Fernandes”, exibia uma faixa. Em outra, lia-se “Machismo traz feminicídio, que traz a angústia, o medo e a morte”.
O ato foi realizado no mesmo dia em que Mayara foi sepultada no Portal da Saudade, em Volta Redonda, cidade onde residia. A vítima deixou um filho de 6 anos, fruto de seu casamento, que, segundo conhecidos dela, teria terminado quatro meses antes da tragédia. Pouco depois, ela iniciou o relacionamento com Janitom, com quem decidiu terminar, mas ele não aceitava. O PM foi preso, mas somente depois de atirar na dentista, que não resistiu aos ferimentos, morrendo no Hospital Escola de Valença.
POSIÇÃO DA PM – A tenente-coronel Gabryela Dantas, porta-voz da Polícia Militar, disse que houve “tentativa de negociação” com o cabo, lembrando que a Unidade de Intervenção Tática (UIT) do Bope (Batalhão de Operações Especiais), da própria corporação, foi deslocada de helicóptero do Rio para Valença. A equipe conta com profissionais especializados em negociar em situações deste tipo.
Ela analisou, em entrevista à TV Record, a atuação dos policiais no episódio e não enxergou falhas na abordagem: “Nós não tínhamos como prever que ele teria a capacidade de fazer isso [atirar na vítima]”, afirmou a porta-voz, depois de considerar “inadmissível o que ele fez, um crime bárbaro, um feminicídio”.
– Esta ocorrência demorou duas horas e meia. Tivemos que deslocar a equipe do Bope daqui [do Rio] para outro município, que foi em Valença. O Bope chegou, mas ele tomou a decisão de, infelizmente, vitimar, mas a negociação já tinha começado através dos policiais do 10º BPM – prosseguiu a porta-voz, referindo ao Batalhão de Polícia Militar sediado em Barra do Piraí e responsável pela segurança na cidade vizinha.
Ainda de acordo com a porta-voz, o cabo Janitom já respondeu a um procedimento administrativo disciplinar. “Ele foi a uma Comissão de Revisão Disciplinar, em 2013, ele teve um processo, ele foi autuado por ameaça a menor”, finalizou Gabryela, que considerou a sexta-feira “um dia de luto” para a Polícia Militar.