O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, decretou nesta quarta-feira (11) a situação do novo coronavírus como uma pandemia mundial. A entidade vinha resistindo a caracterizar a disseminação da Covid-19 dessa forma há semanas, embora a nova doença tenha atingido mais de 110 países.
Ao todo, 118 mil pessoas já contraíram o coronavírus ao redor do mundo, e mais de 4.300 mortes foram registradas — a maioria na China e na Itália, os dois principais epicentros da Covid-19 no mundo.
— Estamos profundamente preocupados tanto pelos níveis alarmantes de propagação e gravidade como pelos indícios preocupantes de falta de ação. Portanto, avaliamos que a Covid-19 pode se caracterizar como uma pandemia — disse o diretor-geral da OMS a jornalistas.
Ghebreyesus pontuou que, apesar da mudança de categoria representar uma nova etapa da disseminação do Sars-CoV-2, a palavra pandemia deve ser utilizada com “muita responsabilidade” para não gerar pânico generalizado. Havia pressão de diferentes países, inclusive o Brasil, para que a entidade reconhecesse o estado de pandemia.
Na mesma coletiva, o diretor-executivo do Programa de Emergências em Saúde da entidade, Mike Ryan, afirmou que o reconhecimento da situação como uma pandemia não mudará o planejamento da OMS. Ryan também avaliou a situação do Irã, um dos países mais afetados pela Covid-19, como “muito séria” e cobrou do governo de Teerã maior vigilância.
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Um esforço internacional de pesquisa que sequenciou o genoma de 259 amostras do novo coronavírus Sars-CoV-2 está revelando um padrão internacional de circulação do vírus já plenamente globalizado, com patógeno circulando intensamente entre países europeus, que distribuem o vírus para África e América Latina.
O trabalho, coordenado por cientistas do centro de pesquisa Fred Hutch, de Seattle (EUA), e da Universidade da Basileia, na Suíça, organiza dados dos genomas do vírus compartilhados por pesquisadores mundo afora e os compara entre si, sobrepondo todas as sequências genéticas extraídas do vírus, o projeto reconstrói a trajetória de infecções, país a país, do paciente-zero na China até cada um dos casos analisados.
O primeiro relatório de situação que os seis cientistas coordenadores do projeto fizeram destaca o caso da Itália.
“A Covid-19 foi introduzida na Itália ao menos duas vezes, seguida de transmissão comunitária em ambas” afirmam os pesquisadores, liderados por Trevor Bedford, do centro Fred Hutch. “Essa transmissão comunitária inclui um aglomerado de amostras do vírus sequenciadas em seis outros países que parecem ter sido exportados da Itália.” As informações são do G1.