O risco de fechamento do Colégio Militar de Volta Redonda, há uma semana, está deixando indignados os pais de alunos. A escola, localizada no Açude I, não teve as aulas iniciadas na última segunda-feira (22), como estava previsto, no sistema remoto, porque os professores já cedidos à instituição se negaram a iniciar os trabalhos diante da possibilidade.
Embora o próprio secretário estadual de Educação, Comte Bittencourt, já tenha afirmado que o colégio, inaugurado há apenas dois anos, não vai fechar, até agora sua pasta não cedeu os seis professores necessários para o início do ano letivo dos 60 aprovados no processo seletivo 2021, que mobilizou nada menos que 800 interessados. O risco de fechamento também mobiliza a associação de moradores do bairro.
Para os pais, a questão é política. “É um descaso do estado em relação aos professores”, diz Geraldo Paes, que é pai de aluno. Ele destaca a qualidade do ensino do colégio, assim como a “disciplina e valores éticos” passados aos estudantes.
“Vejo com muita tristeza o que vem ocorrendo. É um projeto muito bom. Vejo que o problema é a política. Deixou de ser interessante para alguns políticos levar o projeto adiante porque iria enaltecer o nome de outro político que teve a ideia lá atrás”, afirma outro pai de estudante, Rafael Rodrigues de Oliveira, fazendo alusão aos comentários de que o projeto estaria sendo abandonado pelo governador em exercício, Claudio Castro, por ter sido lançado por Wilson Witzel, afastado do cargo por ordem judicial devido às suspeitas de corrupção na Secretaria estadual de Saúde.
“Isso aí impacta a vida de jovens que estão sonhando com algo melhor para eles. Acabar com isso é desmoronar um sonho de 60 adolescentes”, acrescenta Rafael, acreditando que a mobilização provocada pela divulgação do risco de fechamento poderá surtir efeito e o colégio continuar funcionamento. “Entendo que a Secretaria de Educação consiga enxergar o valor desta escola não só para os jovens, mas para os pais de uma maneira geral. É uma escola gratuita, mas que não deixa a desejar absolutamente nada no que diz respeito à qualidade do ensino em relação às escolas particulares da cidade. Apesar da limitação de estrutura, tem um corpo docente excelente, ótima organização”, avalia o pai, lembrando que o colégio é em tempo integral, o que ocupa os alunos o dia inteiro. “É um projeto muito lindo, que precisa continuar”.
ENTENDA A QUESTÃO – O Colégio Militar, que oferece ensino médio gratuito, foi inaugurado em Volta Redonda em fevereiro de 2019, pelo governador Witzel, a partir de um convênio entre a Secretaria estadual de Educação, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros, que administra a escola. Ao estado cabe a cessão dos professores – atualmente são 11 – enquanto a prefeitura fornece a merenda.
São necessários seis para o primeiro ano. Não havendo a turma, o colégio não terá a renovação para o proesseguimento de suas atividades.
Anualmente, o estado deve publicar o decreto de cessão dos professores para a instituição, o que este ano não ocorreu. De acordo com os professores, o colégio inaugurado em Miguel Pereira, na mesma ocasião, já recomendou aos alunos que procurem a rede estadual para continuar os estudos e os professores foram realocados em nas escolas regulares da rede.